Sinais de envenenamento por abacate: por que você nunca deve dar um abacate ao seu periquito?

Avocado Poisoning - Budgies

O envenenamento por abacate, também conhecido como envenenamento por persina, é uma preocupação crítica para os periquitos, que são pequenos papagaios encantadores admirados por sua plumagem vibrante, personalidades cativantes e natureza lúdica. Compreender os riscos associados a esta substância tóxica é essencial para preservar a saúde e o bem-estar dos periquitos, pois mesmo quantidades mínimas de abacate podem ter consequências graves nestas delicadas espécies de aves.

Fisiologia dos periquitos

Periquitos, cientificamente conhecidos como Melopsittacus undulatus, são pequenos papagaios nativos da Austrália, admirados em todo o mundo por sua aparência cativante e personalidades cativantes, que os levaram à popularidade como animais de estimação. Compreender adequadamente as características anatômicas e fisiológicas dos periquitos é crucial para garantir seus cuidados adequados e bem-estar geral.

Com uma estrutura corporal compacta, essas aves geralmente medem cerca de 20 centímetros (8 polegadas) de comprimento e pesam entre 25 a 35 gramas. Sua plumagem apresenta uma combinação vibrante de cores, incluindo amarelo, verde, azul e branco, com marcas escuras distintas em suas asas e costas. Entre suas características mais marcantes está o cere, uma estrutura carnuda e cerosa situada logo acima do bico, que serve como uma característica sexualmente dimórfica, aparecendo em azul nos machos e marrom ou branco nas fêmeas.

Possuindo grandes olhos redondos nas laterais de suas cabeças, os periquitos possuem excelente visão, garantindo-lhes um amplo campo de visão que auxilia na detecção de predadores e forrageamento. Além disso, seus bicos fortes e aduncos cumprem várias funções, como alimentação, higiene e escalada.

O sistema respiratório dos periquitos é notavelmente eficiente, facilitando seu alto metabolismo. A presença de bolsas de ar distribuídas por todo o corpo permite um fluxo de ar unidirecional através dos pulmões. Esse recurso respiratório exclusivo garante a circulação contínua de ar fresco durante a inspiração e a expiração, otimizando a troca gasosa e a absorção de oxigênio.

Em termos de sistema digestivo, os periquitos estão adaptados a uma dieta composta principalmente por sementes em seu habitat natural. Eles possuem uma bolsa sublingual especializada que armazena e amolece o alimento ingerido, auxiliando nos estágios iniciais da digestão. Posteriormente, o alimento segue para o proventrículo, onde ocorre a digestão enzimática inicial antes de progredir para a moela. A moela serve como um poderoso órgão muscular, efetivamente moendo o alimento em partículas menores, facilitando uma melhor absorção de nutrientes.

Alimentos nocivos para periquitos

Abacate: Os abacates contêm uma toxina fungicida natural chamada persina, que pode ser mortal para os periquitos. Mesmo pequenas quantidades de abacate podem levar ao envenenamento por persina, causando graves problemas de saúde e, em alguns casos, resultados fatais.

Envenenamento por abacate - periquitos
Tanto a fruta quanto as folhas do abacateiro são altamente venenosas para os periquitos.

Chocolate: O chocolate contém teobromina e cafeína, que são tóxicos para os periquitos e podem causar sintomas como vômitos, diarréia, hiperatividade, convulsões e até a morte.

Álcool: O álcool é altamente tóxico para os periquitos e pode levar a graves problemas neurológicos e respiratórios. Mesmo pequenas quantidades de álcool podem ser fatais para essas aves.

Bebidas com cafeína: As bebidas que contêm cafeína, como café, chá e bebidas energéticas, devem ser mantidas longe dos periquitos, pois a cafeína pode afetar negativamente o sistema nervoso central e o coração.

Cebola e alho: Cebola e alho contêm compostos que podem danificar os glóbulos vermelhos em periquitos e levar à anemia.

Alimentos ricos em gordura: Alimentos gordurosos podem causar problemas digestivos em periquitos e podem levar à obesidade e outros problemas de saúde.

Alimentos salgados: Alimentos com alto teor de sal podem ser prejudiciais aos periquitos e podem levar à desidratação e problemas renais.

Alimentos açucarados: A ingestão excessiva de açúcar pode interromper o metabolismo dos periquitos e contribuir para a obesidade e outros problemas de saúde.

Sementes de frutas contendo caroços: Sementes de frutas como maçãs, cerejas, pêssegos e ameixas contêm compostos de cianeto que podem ser tóxicos para periquitos se ingeridos em grandes quantidades.

Carne e ovos crus ou mal cozidos: Carne e ovos crus ou mal cozidos podem abrigar bactérias nocivas que podem levar à intoxicação alimentar em periquitos.

O que é persina?

A persina, uma toxina lipossolúvel, é um composto químico de ocorrência natural presente em várias partes do abacateiro, abrangendo o fruto, folhas, sementes e casca.1 Essa toxina serve como um mecanismo de defesa inerente ao abacateiro, atuando como um impedimento contra herbívoros e pragas que possam tentar consumir suas partes. Embora certos animais, como humanos e mamíferos maiores, possam tolerar persina em pequenas quantidades sem efeitos adversos, ela representa uma ameaça significativa para espécies aviárias, incluindo periquitos. A suscetibilidade dos periquitos à toxicidade da persina pode ser atribuída às suas diferenças fisiológicas inerentes, particularmente à falta de enzimas específicas necessárias para metabolizar e excretar efetivamente a toxina de seu sistema.

A gravidade do envenenamento por persina em periquitos é influenciada por vários fatores críticos, incluindo a quantidade de persina ingerida, o tamanho da ave e sua condição geral de saúde. A ingestão de quantidades mínimas de persina pode resultar em sintomas leves, incluindo distúrbios digestivos, dificuldades respiratórias e letargia. No entanto, com o aumento da exposição a quantidades significativas da toxina, os periquitos podem apresentar reações graves, como problemas cardíacos, falência de órgãos e, nos casos mais graves, mortalidade.

Persin
A fórmula estrutural da persina

Sinais de envenenamento por abacate

Reconhecer os sinais de envenenamento por abacate em periquitos é vital para uma intervenção imediata e uma possível recuperação. Os sintomas podem variar dependendo da quantidade de persina consumida e da suscetibilidade individual da ave. Sinais comuns de envenenamento por abacate em periquitos incluem:

Distúrbios gastrointestinais: A ingestão de Persin pode levar a manifestações gastrointestinais, como vômitos e diarreia, pois a toxina interrompe os processos digestivos normais.

Dificuldades respiratórias: A toxicidade do abacate pode induzir desconforto respiratório, caracterizado por respiração difícil ou dispnéia, como resultado do impacto da toxina nos tecidos pulmonares.

Anormalidades cardíacas: A influência tóxica da persina no sistema cardiovascular pode levar a complicações cardíacas, incluindo arritmias ou outras irregularidades cardíacas.

Letargia e Fraqueza: Periquitos afetados podem apresentar letargia e fraqueza devido a repercussões sistêmicas nas funções metabólicas e níveis de energia.

Diminuição do apetite: A ingestão de abacate pode levar à redução da ingestão de alimentos em periquitos, resultando em diminuição do apetite.

Sintomas neurológicos: Em casos graves de envenenamento por persina, podem ocorrer sinais neurológicos como tremores, convulsões ou ataxia.

Disfunção de órgãos: A toxicidade do abacate pode afetar adversamente a função de órgãos vitais, levando potencialmente à falência de órgãos, principalmente no fígado e nos rins.

Aumento da sede e da micção: Aves expostas às toxinas do abacate podem apresentar aumento da sede e aumento da frequência de micção como resposta fisiológica ao insulto tóxico.

O que fazer se seu pássaro comeu abacate?

Se você suspeitar que seu pássaro tenha consumido abacate ou qualquer substância que contenha abacate, uma ação imediata é crucial para mitigar o dano potencial causado pelo envenenamento por abacate. O primeiro e mais importante passo é procurar atendimento veterinário de emergência sem demora. Entre em contato com um veterinário de aves ou uma clínica veterinária de emergência com experiência no tratamento de aves o mais rápido possível. O envenenamento por abacate pode progredir rapidamente, e atenção médica imediata é essencial para melhorar as chances de recuperação da ave.

Enquanto espera por ajuda profissional, observe cuidadosamente o comportamento do seu pássaro e observe quaisquer sinais ou sintomas incomuns. Colete informações sobre a possível quantidade de abacate consumida, o tempo de ingestão e quaisquer manifestações clínicas associadas. Esta informação será valiosa para o veterinário fazer um diagnóstico preciso e determinar o curso de ação mais apropriado para o tratamento de seu pássaro.

Se você tiver outras aves, é essencial isolar a ave potencialmente afetada para evitar a propagação de doenças contagiosas ou toxinas. Não tente remédios ou tratamentos caseiros, pois o envenenamento por abacate é uma preocupação médica séria que requer intervenção veterinária especializada. Somente um veterinário aviário treinado pode fornecer os cuidados e tratamentos adequados para sua ave.

Certifique-se de que seu pássaro tenha acesso a água fresca e limpa, pois a desidratação é uma consequência comum da toxicidade do abacate. No entanto, não demore para procurar atendimento veterinário profissional, pois este é o passo mais importante para lidar com a intoxicação por abacate. O tempo é essencial ao lidar com um possível envenenamento por abacate, pois as toxinas podem causar problemas graves de saúde e atrasar o tratamento pode piorar a condição da ave.

Assim que sua ave receber atendimento médico e iniciar o tratamento adequado, siga atentamente as instruções do veterinário. Após o incidente, tome as precauções necessárias para evitar qualquer exposição futura a abacates ou produtos derivados do abacate. Proteja o ambiente do seu pássaro e garanta que ele tenha acesso apenas a alimentos seguros e adequados.

  1. Isolation and identification of a compound from avocado … mammary gland and the myocardium“, Peter B. OELRICHS, Jack C. NG, Alan A. SEAWRIGHT, Annemarie WARD, Lothar SCHÄFFELER, John K. MACLEOD, Natural Toxins, Volume 3, Issue 5[]